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Veneza impõe taxa de acesso para desencorajar turismo de massa

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Uma medida destinada a desencorajar o turismo em massa está sendo testada ao longo de 29 dias entre abril e julho. Veneza, uma cidade italiana, tem sofrido com a grande quantidade de visitantes que superlotam suas ruas e gastam pouco. Nesta quinta-feira (25/04), feriado do Dia da Libertação na Itália, os turistas que visitaram Veneza por apenas um dia, sem pernoitar, foram pela primeira vez obrigados a pagar uma taxa de 5 euros (R$ 27,69) ou correr o risco de receber uma multa de até 300 euros (R$ 1.661,14).

“Em princípio, é uma boa ideia”, afirma Susanne Kunz-Saponaro, que mora e trabalha como guia turística na cidade do norte da Itália. “Mas parece que não pensaram completamente sobre isso.”

Por um lado, há uma longa lista de exceções ao sistema que diluem seu efeito, como as isenções para moradores de toda a região de Veneza e menores de 14 anos. Além disso, a taxa não é cobrada entre as 16h e as 8h30 do dia seguinte.

Ainda não está claro como a cidade vai fiscalizar todos os excursionistas, que precisam baixar um QR Code no site cda.ve.it. A prefeitura afirma que fiscais estarão circulando e realizando controles aleatórios. Aqueles que forem pegos sem o comprovante de pagamento da taxa podem acabar multados.

Mas a guia Saponaro considera especialmente problemático o fato de não ter sido estabelecido um limite para o número de visitantes desde o início: diariamente chegam cerca de 80 mil ao centro histórico, dos quais 70 mil só pretendem passar algumas horas, gastando pouco, mas contribuindo para a superlotação.

Assim como outros destinos turísticos europeus, há algum tempo a municipalidade veneziana tem tentado combater ao menos as consequências mais graves do turismo em massa – como quando proibiu os grandes cruzeiros de aportarem no centro, em 2021. “Nós convidamos aqueles que desejam visitar nossa cidade a vivenciá-la com calma e a se deixar absorver por ela”, propõe a encarregada de turismo Simone Venturini.

E isso não é possível em três horas; “é preciso permitir-se o tempo necessário”. A taxa de ingresso visa estimular o turismo de pernoite. Como essa iniciativa da cidade dos canais é pioneira no mundo, certamente serão necessários ajustes após as primeiras avaliações, explica Venturini.

Recentemente, o prefeito Luigi Brugnaro enfatizou, em uma entrevista ao jornal Corriere della Sera, que Veneza continua acessível e aberta, e não pretende impor limites ao número de visitantes de um dia. Ele considera possível que a taxa de ingresso tenha um efeito dissuasivo.

“A cidade precisa ser adequada tanto para os residentes quanto para os visitantes”, argumenta Brugnaro. “Em certos dias de grande afluência, há o perigo de que isso não aconteça.”

Antes da pandemia de COVID-19, Veneza recebia 5 milhões de turistas por ano, e em 2024 espera-se chegar a uma cifra comparável. Entre eles, sempre há aqueles que não mantêm o devido respeito, reclamam moradores e políticos. Por isso, nos últimos anos, a prefeitura endureceu cada vez mais as regras para os visitantes.

Sob o slogan “Enjoy Respect Venezia”, o site www.enjoyrespectvenezia.it apresenta todo um catálogo de regras de conduta. É proibido, por exemplo, sentar-se nas pontes e escadas, nadar nos canais, circular de trajes de banho pela cidade, alimentar os pombos ou jogar lixo no chão. As multas podem chegar a 500 euros (R$ 2768,56), mas o departamento de imprensa não informa o total arrecadado pela prefeitura.

Além disso, a partir de 1º de agosto, entram em vigor novas regras para os grupos turísticos que visitam a cidade. Cada grupo não poderá ter mais de 25 participantes, que não devem obstruir o trânsito de pedestres enquanto ouvem as explicações dos guias.

Na opinião de Susanne Kunz-Saponaro, a norma deveria ir mais longe, restringindo os grupos a 20 visitantes; ela própria trabalha com grupos menores. “É claro que o turismo é importante para Veneza”, reconhece. Mas não pode ser apenas uma questão de dinheiro: “As pessoas que vivem aqui na cidade também precisam poder conviver com o turismo.”

Foto: DW / Deutsche Welle

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