Internacional
Troca de prisioneiros entre Hamas e Israel: 200 palestinos por quatro militares
O movimento militante palestino Hamas libertou neste sábado (25) quatro militares israelenses mulheres, em troca de 200 prisioneiros palestinos, conforme os termos de uma trégua negociada após 15 meses de conflito na Faixa de Gaza. As reféns, identificadas como Karina Ariev, Daniella Gilboa, Naama Levy e Liri Albag, foram capturadas em 7 de outubro de 2023, durante uma incursão do Hamas a uma base de observação nas imediações de Gaza. O momento da libertação foi marcado por comoção, tanto em Gaza quanto em Israel, refletindo o impacto emocional e político de um acordo mediado em um cenário de guerra prolongada.
Em um evento que atraiu uma grande multidão na Cidade de Gaza, as militares foram apresentadas ao público antes de serem escoltadas por homens armados do Hamas até veículos da Cruz Vermelha. Após sua partida, os ônibus com os prisioneiros palestinos começaram a deixar a prisão militar de Ofer, na Cisjordânia ocupada. Entre os libertados estavam militantes condenados, alguns por ataques fatais. Segundo o Serviço Penitenciário de Israel, todos os 200 prisioneiros haviam sido soltos até o final do dia, em um gesto que desencadeou celebrações em Tel Aviv, Ramallah e outras regiões.
O acordo estabelece que, na fase inicial de seis semanas, o Hamas deve libertar 33 reféns, incluindo mulheres, crianças, idosos, doentes e feridos, enquanto Israel liberta 30 prisioneiros para cada civil e 50 para cada soldado. As negociações refletem a complexidade de equilibrar os valores atribuídos às vidas humanas em ambos os lados, ressaltando as disparidades nas trocas e as tensões subjacentes. Apesar da libertação, cerca de 70 palestinos libertados foram deportados para o Egito, enquanto outros foram encaminhados para destinos como Turquia, Catar e Argélia. Apenas 16 retornaram para Gaza, enquanto o restante seguiu para a Cisjordânia.
Em Israel, a recepção das militares libertadas foi celebrada com grande emoção. Em Tel Aviv, uma multidão se reuniu na chamada “Praça dos Reféns”, onde a liberação foi transmitida ao vivo em um telão. Em meio a lágrimas e abraços, as quatro mulheres foram recebidas por seus familiares em uma base militar próxima e, posteriormente, levadas de helicóptero a um hospital na região central de Israel para avaliações médicas. Imagens divulgadas pelo setor militar israelense registraram o reencontro, marcado por alívio e celebração.
Do lado palestino, a libertação dos prisioneiros também foi recebida com aplausos e manifestações em Ramallah, onde bandeiras palestinas foram agitadas em um ato de solidariedade. Contudo, Israel destacou que os prisioneiros condenados por matar israelenses não teriam permissão para retornar às suas casas. A decisão de deportação evidencia a profundidade das divisões políticas e as medidas adotadas por Israel para limitar a reintegração de militantes à sociedade palestina.
A troca deste sábado é a segunda realizada durante a trégua iniciada em 19 de janeiro. Embora o gesto represente um progresso no cessar-fogo, ele também revela as profundas assimetrias e desafios que moldam as negociações em um conflito de décadas. O acordo, complexo em sua execução e impacto, continua a ser uma peça central nas relações entre Israel e o Hamas, suscitando questões sobre a sustentabilidade da paz na região.