Internacional
Quase 400 milhões de crianças menores de 5 anos são vítimas de violência em casa, alerta UNICEF
Quase 400 milhões de crianças com menos de 5 anos, ou seis em cada dez no mundo, são regularmente vítimas de disciplina violenta em casa, revelou o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). As estimativas, abrangendo cerca de uma centena de países entre 2010 e 2023, incluem “agressões psicológicas” e “castigos corporais”.
Segundo a UNICEF, “agressão psicológica” refere-se a gritar ou insultar uma criança, enquanto o castigo físico inclui sacudir, dar chapadas, espancar e quaisquer golpes com a intenção de causar dor sem causar ferimentos.
Dos quase 400 milhões de crianças afetadas, aproximadamente 330 milhões sofrem castigos físicos. Apesar de um número crescente de países proibir esses castigos, quase 500 milhões de crianças menores de 5 anos não estão legalmente protegidas dessas práticas. Mais de um em cada quatro cuidadores principais acredita que o castigo físico é necessário para educar bem os filhos, de acordo com estimativas da UNICEF.
“Quando as crianças são vítimas de abusos físicos ou verbais em casa, ou quando são privadas da atenção social e emocional das pessoas próximas, isso pode prejudicar a sua autoestima e desenvolvimento”, comentou Catherine Russell, chefe da UNICEF, em comunicado. “Uma abordagem carinhosa e lúdica na criação dos filhos traz alegria e ajuda as crianças a se sentirem seguras, a aprenderem, a adquirirem novas capacidades e a navegarem o mundo ao seu redor”, acrescentou.
A UNICEF também divulgou, pela primeira vez, estimativas sobre o acesso das crianças à oportunidade de brincar, em celebração ao primeiro Dia Internacional do Brincar. De acordo com dados de 85 países, uma em cada cinco crianças entre 2 e 4 anos não brinca com seu cuidador em casa e aproximadamente uma em cada oito crianças menores de 5 anos não tem brinquedos.
Cerca de 40% das crianças entre 2 e 4 anos não são suficientemente estimuladas ou carecem de interação, e uma em cada dez não tem acesso a atividades em casa que são “críticas para o desenvolvimento cognitivo, social e emocional, como ler, contar histórias, cantar, desenhar”.
“Neste primeiro Dia Internacional do Brincar, devemos unir-nos e reafirmar nosso compromisso de acabar com a violência contra as crianças e de promover relações positivas, afetuosas e lúdicas com as crianças”, enfatizou Catherine Russell.
Foto: Nuno Patrício