Internacional
Pane global causa caos em aeroportos, bancos e mídia
Na madrugada desta sexta-feira (19), uma pane generalizada afetou sistemas de diversos aeroportos, bancos e redes de telecomunicações em todo o mundo, resultando em cancelamentos de voos e interrupções em canais de notícias. A falha foi atribuída a um problema na plataforma de segurança cibernética da CrowdStrike (CRWD).
A CrowdStrike alertou seus clientes que uma atualização de seu produto de monitoramento de ameaças estava causando falhas no sistema operacional Windows, da Microsoft (MSFT34). A Microsoft confirmou o problema em comunicado, destacando que se tratava de uma atualização de software de terceiros. Por volta das 8h, o CEO da CrowdStrike, George Kurtz, anunciou que uma correção já havia sido aplicada, esclarecendo que não se tratava de um incidente de segurança ou ataque cibernético. “O problema foi identificado, isolado, e uma correção foi implementada”, afirmou em uma postagem no X.
A atualização problemática gerou uma onda de “Tela Azul da Morte”, afetando milhares de máquinas Windows globalmente e causando transtornos em bancos, companhias aéreas, emissoras de TV, supermercados e outras empresas. Muitos servidores ficaram offline, impedindo que computadores fossem iniciados corretamente.
A solução da CrowdStrike é amplamente utilizada por empresas para garantir a segurança de seus sistemas baseados em Windows. Inicialmente, a pane foi registrada em países da Europa, Ásia, África e Oceania, espalhando-se rapidamente para os Estados Unidos. No Brasil, houve poucos relatos de problemas nas primeiras horas da manhã, mas o site DownDetector indicava, pouco antes das 8h, falhas nos sistemas dos bancos Bradesco, Banco do Brasil, Neon, Next e Banco Pan. Também foram registrados problemas de acesso a serviços da Microsoft, como a suíte Office 365. O Bradesco confirmou que suas plataformas digitais estavam indisponíveis devido ao apagão cibernético global.
Incidentes dessa escala são raros nos últimos anos. “Isso não tem precedentes”, afirmou Alan Woodward, professor de segurança cibernética na Universidade de Surrey, à Bloomberg. “O impacto econômico será enorme.”
As ações da CrowdStrike despencaram 20% nas negociações de pré-mercado na manhã desta sexta-feira, enquanto os papéis da Microsoft caíram 2,5%.
Efeitos pelo mundo
Aeroportos e companhias aéreas estão emitindo avisos em massa de atraso aos passageiros. No Reino Unido, o aeroporto de Gatwick confirmou que está enfrentando problemas desde cedo, afetando os sistemas de check-in, bagagem e segurança de algumas companhias aéreas.
“Estamos usando nosso sistema de backup, mas alguns passageiros podem enfrentar atrasos no check-in e na passagem pela segurança. Os passageiros ainda devem chegar no horário normal de check-in, que é geralmente duas horas antes do voo para voos de curta distância e três horas para voos de longa distância”, afirmou o aeroporto em comunicado.
Trens também foram afetados. “Estamos enfrentando problemas informáticos de grande escala em toda a nossa rede”, disse comunicado em conjunto das quatro companhias ferroviárias do grupo Govia Thameslink Railway, nas redes sociais.
Na Austrália, a companhia aérea Qantas informou que seus voos ainda estão operando com alguns atrasos. A Air New Zealand relatou um alto volume de chamadas de clientes e aconselhou as pessoas a entrarem em contato apenas com os agentes de atendimento ao cliente se tiverem voos nas próximas 48 horas. A companhia informou que alguns clientes podem enfrentar problemas de pagamento se forem clientes de bancos afetados. Já o canal Sky News chegou a ficar fora do ar por dificuldades em fazer transmissões ao vivo. Além disso, sistemas de computadores do serviço público de saúde caíram.
Na África do Sul, o Capitec Bank, um dos maiores bancos do país, confirmou que também enfrentava problemas e paralisou todos os serviços a clientes. Mais tarde, o banco informou que os sistemas haviam sido restabelecidos.
Em Hong Kong, a Cathay Pacific informou às 3h45, no horário de Brasília, que os quiosques de check-in automáticos no Aeroporto Internacional de Hong Kong não estão funcionando. Autoridade Aeroportuária afirmou que as aéreas mudaram o procedimento de check-in para manual e que voos não chegaram a ser afetados.
Nos Países Baixos, o braço holandês da Air France-KLM suspendeu a maior parte de suas operações. O aeroporto de Schiphol, em Amsterdã, foi afetado pela falha nos sistemas da Microsoft, interrompendo voos de chegada e partida.
Na Alemanha, o aeroporto de Berlim interrompeu temporariamente todos os voos devido a uma falha técnica, segundo informações da Reuters. Os serviços de check-in já foram restabelecidos, mas os atrasos deverão se prolongar. Quatro companhias aéreas que operam no aeroporto de Hamburgo também estão enfrentando problemas, mas as interrupções “estão sendo gerenciáveis”, segundo comunicado. Ao menos dois hospitais do país também cancelaram cirurgias eletivas.
Em Paris, França, os centros de credenciamento de imprensa, que já estão abertos para os Jogos Olímpicos que começam na próxima semana, também foram atingidos pelo apagão, segundo informações da Reuters.
Na Espanha, a administradora aeroportuária Aena relatou “incidentes em computadores” afetando todos os aeroportos do país. “A incidência técnica global está afetando, sobretudo, a faturação e os pontos de informação no trânsito, mas alguns sistemas de estão sendo acionados”, afirmou a TV pública espanhola RTVE.
O ministro da Indústria e Turismo, Jordi Hereu, disse que está reforçando o manual de serviço de tramitação nos aeroportos espanhóis para tentar aliviar os problemas, mas admitiu que “não sabe quando” a situação será normalizada.
Nos Estados Unidos, as principais companhias aéreas americanas, American Airlines, United e Delta, interromperam todos os voos. Já a menor JetBlue, que opera principalmente dentro do país, segue operando normalmente.
Foto: Reprodução
Fonte: Agência Brasil