Internacional
NASA inicia missão para investigar possibilidades de vida
A sonda Europa Clipper da NASA decolou nesta segunda-feira (14) dos Estados Unidos, com o objetivo de investigar se a lua Europa, um dos satélites de Júpiter, possui condições que permitam abrigar vida. A sonda foi lançada a partir do Centro Espacial Kennedy, na Flórida, acoplada a um foguete SpaceX Falcon Heavy, e está prevista para chegar a Europa em abril de 2030.
A Europa é um mundo que a agência espacial americana ainda não observou com detalhes suficientes. Acredita-se que, sob sua superfície de gelo, exista um oceano de água líquida. “Europa é um dos lugares mais promissores para a busca de vida fora da Terra”, afirmou Gina DiBraccio, funcionária da NASA.
Embora a missão não busque sinais de vida diretamente, seu foco será investigar a habitabilidade da lua. Os cientistas querem saber se Europa possui as condições necessárias para a existência de vida. Se a resposta for positiva, uma missão futura poderá ser planejada para tentar detectar a vida.
“Esta é uma oportunidade para explorarmos um mundo que pode ser habitável atualmente, ao contrário de Marte, que poderia ter sido habitável há bilhões de anos”, comentou Curt Niebur, chefe da parte científica da missão.
Com 30 metros de comprimento quando seus painéis solares estão totalmente estendidos, a Europa Clipper é a maior sonda já projetada pela NASA para exploração interplanetária, equipada para capturar a luz fraca durante sua jornada em direção a Júpiter.
Vida primitiva?
As primeiras imagens próximas de Europa, cuja existência é conhecida desde 1610, foram feitas pela sonda Voyager em 1979, revelando misteriosas linhas avermelhadas em sua superfície.
Na década de 1990, a sonda Galileo confirmou a muito provável presença de um oceano.
Desta vez, o Europa Clipper carrega diversos instrumentos ultrassofisticados, entre eles câmeras, espectrógrafo, radares e magnetômetro.
A missão deve permitir determinar a estrutura e a composição da sua superfície congelada, a profundidade e até mesmo a salinidade do eventual oceano. Tudo para entender se ali há os três ingredientes necessários à vida: água, energia e alguns compostos químicos.
Se existirem, a vida poderia estar no oceano na forma de bactérias primitivas, explicou Bonnie Buratti, cientista-adjunta da missão. Embora muito profundo para o Europa Clipper ver.
Mas e se Europa, por fim, não for habitável? “Isso também abriria caminho para uma série de questões: por que pensamos isso e por que não existe?”, disse Nikki Fox, administradora associada da Nasa.
49 sobrevoos
Em cinco anos e meio de viagem para chegar a Júpiter, a sonda percorrerá 2,9 bilhões de quilômetros e, a partir da sua chegada, a missão principal durará quatro anos.
A sonda fará 49 sobrevoos por Europa, a cerca de 25 quilômetros da superfície.
Cerca de 4 mil pessoas trabalharam durante aproximadamente uma década nesta missão, que custa 5,2 bilhões de dólares (R$ 29,2 bilhões na cotação atual). Um investimento justificado pela importância dos dados a serem recolhidos, segundo a Nasa.
Se o nosso sistema solar revelar que existem dois mundos habitáveis (Europa e Terra), “pense no que isto significa ao estender este resultado aos bilhões de outros sistemas solares nesta galáxia”, disse Curt Niebur.
“Mesmo deixando de lado a questão de saber se existe vida em Europa, a questão da habitabilidade por si só abre um novo paradigma para a procura de vida na galáxia”, acrescentou.
O Europa Clipper funcionará ao mesmo tempo que a sonda Juice, da Agência Espacial Europeia (ESA), que estudará outras duas luas de Júpiter, Ganimedes e Calisto, além de Europa.