Crise política na Argentina: promoção de criptomoeda por Milei gera investigação

Gabinete anunciou a abertura de uma investigação

A recente promoção da criptomoeda $LIBRA pelo presidente argentino, Javier Milei, desencadeou uma crise política e econômica no país, levando o governo a anunciar uma investigação sobre o caso. Trata-se de um dos episódios mais graves enfrentados por Milei desde sua posse em dezembro de 2023.

Na sexta-feira (14), Milei publicou em sua conta na rede social X um post promovendo a criptomoeda, o que levou a uma disparada em seu valor, atingindo US$ 5 por unidade. No entanto, poucas horas depois, a moeda virtual despencou para menos de US$ 1, gerando grandes prejuízos aos investidores. Diante da repercussão negativa, o presidente apagou a postagem e afirmou posteriormente: “Eu não estava ciente dos detalhes do projeto e, quando descobri, decidi não continuar conferindo publicidade a ele”.

A queda abrupta do ativo levantou suspeitas de um possível “rug pull”, esquema no qual desenvolvedores inflacionam artificialmente o preço de um criptoativo antes de liquidar suas participações para obter lucros rápidos. A Câmara Argentina Fintech manifestou preocupação com o caso, enquanto parlamentares da oposição passaram a cogitar um pedido de impeachment contra Milei. O deputado oposicionista Leandro Santoro classificou o episódio como uma “vergonha internacional” e exigiu uma resposta institucional.

No sábado (15), a presidência argentina divulgou um comunicado informando que Milei havia se reunido em outubro de 2023 com representantes da KIP Protocol, empresa responsável pelo criptoativo. Segundo o governo, na ocasião foi apresentado um projeto para financiar empreendimentos privados na Argentina utilizando tecnologia blockchain. O comunicado ressaltou que a publicação de Milei tinha o objetivo de apoiar empreendedores, sem qualquer envolvimento direto no desenvolvimento da moeda digital.

Diante da crise, o governo anunciou a abertura de uma investigação para esclarecer os fatos. O Gabinete Anticorrupção foi encarregado de examinar a conduta de membros do governo, incluindo o próprio presidente. Além disso, uma força-tarefa foi criada para investigar todas as empresas e indivíduos ligados ao lançamento do ativo digital. Segundo o comunicado oficial, todas as informações serão encaminhadas às autoridades judiciais para avaliar se houve crimes financeiros.