Internacional
África: clima é responsável por mais da metade das crises sanitárias
OMS registrou aumento de emergências de saúde em 20 anos
As alterações climáticas foram responsáveis por mais da metade das crises sanitárias que afetaram a África nos últimos 20 anos, alertou hoje (5) a Organização Mundial da Saúde (OMS), que registrou aumento da frequência das emergências de saúde pública.
“A emergência climática é uma das maiores ameaças à humanidade. As condições necessárias para garantir boa saúde estão em perigo, com eventos climáticos cada vez mais severos”, disse a diretora regional da OMS para a África, Matshido Moeti, em comunicado.
Ela destacou que “as inundações frequentes e as doenças transmitidas pela água e por vetores (parasitas, bactérias ou vírus) estão aprofundando as crises sanitárias”.
“Embora a África seja o continente que menos contribui para a crise climática, é o que sofre todas as consequências”, acrescentou.
Segundo novo estudo da OMS, o continente africano registrou, de 2011 a 2021, mais 21% de emergências de saúde pública do que na década anterior.
As inundações, por exemplo, favorecem o aparecimento de doenças diarreicas, que são a terceira causa de doença e morte em crianças com menos de 5 anos.
As mudanças de temperatura permitem a expansão dos transmissores de doenças como febre amarela, malária, febre hemorrágica de Crimeia-Congo, com taxa de mortalidade de até 40%.
Embora o número de mortes por malária tenha caído na África, de 840 mil em 2000 para 602 mil em 2020, a doença continua a ser um desafio para o continente.
Além disso, os choques climáticos impedem os agricultores de produzir alimentos suficientes, o que provoca aumento da subnutrição.
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha alertou que mais de um quarto da população da África enfrentam atualmente crise de segurança alimentar, com milhões de famílias a saltar refeições, e avisou que a situação pode agravar-se nos próximos meses.
“É um desastre que tem passado largamente despercebido. Milhões de famílias estão com fome, e as crianças estão morrendo por má nutrição”, disse o responsável pelas operações globais do comitê, Dominik Stillhart.
Diante desse cenário, a OMS pediu aos governos africanos que deem prioridade ao bem-estar dos cidadãos em suas decisões, detenham novas explorações de combustíveis fósseis, cobrem impostos às empresas que emitem gases contaminantes e implementem regras sobre qualidade do ar.
Foto: Mike Hutchings/Reuters
Fonte: Agência Brasil