Estamos nas Redes

Amazonas

Indústria e Construção puxam geração de empregos no Amazonas, com crescimentos de 9,71% e 9,06% em um ano

Publicado

on

Comércio e Serviços somam mais de 500 mil empregos e consolidam recuperação do mercado de trabalho no Amazonas

Foto: Divulgação/Acritica

O número de trabalhadores com carteira assinada no Amazonas cresceu 7,16% em um ano, alcançando 558.380 em fevereiro de 2025, segundo dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). No mesmo mês do ano anterior, eram 521.073 empregados formais. Os principais responsáveis por esse avanço foram os setores da Indústria e da Construção.

O maior crescimento foi registrado na Indústria, com aumento de 9,71% em relação a fevereiro de 2024. O total de trabalhadores no setor passou de 128.303 para 140.756. Dentro desse grupo, a Indústria de Transformação lidera, reunindo 130,9 mil empregados. O destaque vai para o segmento de Fabricação de Equipamentos de Informática, Produtos Eletrônicos e Ópticos, com 31.852 trabalhadores.

Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Antonio Silva, a redução do desemprego impulsiona o consumo e, consequentemente, a produção industrial. “Se há aumento de consumo, a produção é puxada junto, o que exige mais mão de obra. Esse ciclo virtuoso deve continuar em 2025, ainda que em ritmo mais moderado”, afirmou.

A Construção Civil foi o segundo setor com maior crescimento, acumulando um total de 29.979 trabalhadores com carteira assinada em fevereiro deste ano, contra 27.489 no mesmo período de 2024 — um avanço de 9,06%. A maioria está empregada em Serviços Especializados para a Construção, como instalações elétricas e hidráulicas.

Segundo especialistas, o aumento no setor é resultado de diversos fatores, como maior renda familiar no estado e programas habitacionais com subsídios. “Na faixa 1 do programa, há muito incentivo, o que facilita o acesso à casa própria. O déficit habitacional no Amazonas ultrapassa 200 mil moradias. Esse contexto, aliado a uma renda familiar mais elevada, favoreceu o crescimento. O desafio continua sendo o custo dos materiais e a taxa Selic”, explicou um representante do setor.

Henrique Medina, presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Amazonas (Ademi-AM), também atribui o crescimento ao programa estadual Amazonas Meu Lar, que concede cheque de R$ 35 mil aos beneficiários do Minha Casa, Minha Vida. “Acreditamos que o mercado continuará aquecido em 2025, com aumento na geração de empregos, impulsionado pelos lançamentos feitos no ano passado, que estão em fase de execução agora”, afirmou. Ele pondera, no entanto, que o cenário é desafiador devido aos juros altos e às incertezas do mercado internacional, especialmente em relação às sobretaxas de importação dos Estados Unidos.

O Comércio aparece em terceiro lugar, com crescimento de 6,61%. O número de empregados passou de 119.054, em fevereiro de 2024, para 126.919 em 2025. O varejo é o principal responsável por essa expansão, especialmente nos segmentos não especializados e nas áreas de produtos farmacêuticos, cosméticos e artigos médicos.

O setor de Serviços também apresentou avanço significativo: 5,99% em um ano. Eram 241.616 trabalhadores em 2024, passando para 256.083 em 2025. A maior concentração está nas áreas de Informação, Comunicação e Atividades Financeiras, Imobiliárias, Profissionais e Administrativas, com 112,8 mil empregados. A Administração Pública vem em seguida, com mais de 58,4 mil.

Aderson Frota, presidente da Fecomércio-AM, ressaltou que, mesmo com o aumento da inadimplência causada pela inflação e pelos juros elevados, o setor conseguiu crescer. “Se não tivermos uma estiagem severa, a economia deve avançar ainda mais no segundo semestre, que é tradicionalmente o mais aquecido”, avaliou.

A Agropecuária ficou na última posição, com crescimento modesto de 0,69%. O número de trabalhadores subiu de 4.611 para 4.643 no período analisado. Foi o único setor a registrar saldo negativo entre janeiro e fevereiro de 2025, com 111 demissões. A Pecuária responde pela maior parte dos postos, com 2.538 empregados.

Muni Lourenço, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Amazonas (Faea), explicou que o agronegócio no estado é, em grande parte, composto por empreendimentos familiares, que não geram empregos formais. Segundo o IBGE, cerca de 330 mil pessoas atuam no setor rural. Para ele, o fortalecimento de políticas públicas, como a regularização fundiária e ambiental, além de melhorias em infraestrutura e assistência técnica, é essencial para aumentar a formalização no campo.

O economista Altamir Cordeiro observou que os incentivos à indústria foram fundamentais para o avanço do emprego formal, mas alertou para riscos externos. “Fatores como juros altos e instabilidade internacional podem afetar o desempenho econômico. O Polo Industrial de Manaus pode ser impactado pela queda da demanda global. Por outro lado, com as tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos, podem surgir oportunidades para o polo no médio prazo”, afirmou.

Já a economista Denise Kassama lembrou que o crescimento é reflexo direto do bom desempenho da economia em 2024. “Tivemos indicadores positivos, como a queda do desemprego e o crescimento do PIB. O PIM produz bens finais, e o aumento do consumo mostra que a população teve mais renda. Ninguém troca de TV se está endividado ou sem dinheiro”, finalizou.

Publicidade

Facebook